Uma breve reflexão sobre a música “Amor I love you”, de Marisa Monte
Deixa eu dizer que te
amo
Deixa eu pensar em
você
Isso me acalma
me acolhe a alma
Isso me ajuda a viver
Hoje contei pra as
paredes
Coisas do meu coração
Passei no tempo
Caminhei nas horas
Mais do que passo a
paixão
É um espelho sem
razão
Quer amor fique aqui
Deixa eu dizer que te
amo
Deixa eu gostar de
você
Isso me acalma
me acolhe a alma
Isso me ajuda a viver
Hoje contei pra as
paredes
Coisas do meu coração
Passei no tempo
Caminhei nas horas
Mais do que passo a
paixão
É um espelho sem
razão
Quer amor fique aqui
Meu peito agora
dispara
Vivo em constante
alegria
É o amor que está
aqui
Amor I love you
Amor I love you
Amor I love you
Amor I love you
" - Tinha
suspirado
Tinha beijado o papel
indevotamente
Era a primeira vez
que lhe escreviam aquelas sentimentalidades
E o seu orgulho
dilatava-se ao calor amoroso que saía delas
Como um corpo
ressequido que se estira num banho tépido
Sentia um acréscimo
do estímulo por si mesma
E parecia-lhe que
entrava enfim uma existência superiormente interessante
Onde cada hora tinha
o seu intuito diferente
Cada passo conduzia
um êxtase
E a alma se cobria de
um luxo radioso de sensações."
Amor I love you
Amor I love you
Amor I love you
Amor I love you
A
letra de música aqui apresentada para análise foi escrita por Marisa Monte,
Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes – que na época formaram o grupo intitulado de
“Tribalistas”, teve grande aceitação pelos ouvintes por seu tom melódico e
romântico.
A
letra é declaratória com características moderno/romântica e narrada em
primeira pessoa. O eu - lírico proposto, embora seja cantado pela voz de Marisa
Monte, não tem característica feminina, única, o que não impediria de um homem
expressar tal sentimento declaratório.
A construção e estruturas da primeira e terceira estrofes são idênticas; a segunda e quarta estrofes também
se assemelham. Nelas constatei erros de uniformidade de tratamento: você / tu.
Analisemos
a letra morfossintaticamente:
“Deixa
eu dizer que te amo”: no
primeiro verso da primeira estrofe, o verbo “deixar” é transitivo direto, o que
significa não possuir predicação completa, necessitando assim de um objeto
direto para completá-lo na predicação. Ocorre que a palavra “eu” ora
sublinhada, desempenha o papel de objeto direto do verbo “deixa” na oração, contudo
a palavra “eu” é um pronome do caso reto e não pode desempenhar outro papel a
não ser o de sua função específica, que é representar os nomes dos seres ou
indicá-las na pessoa do discurso.
Esta
oração então ficaria correta se deslocarmos o pronome átono “me” depois do
verbo, já que não se abre frases com pronomes oblíquos; assim teríamos como
resultado: “Deixa-me dizer que te amo” que é uma ênclise, assim denominada
quando se anexa pronomes a verbos.
Terminando
a análise da oração, está correto na oração o verbo “dizer” no infinitivo (2ª
conjugação), mesmo que a palavra anterior esteja mal posicionada. O curioso é
que a oração inicia com um erro sintático e termina de forma correta (“... que
te amo” e não “amo você”).
Igualmente
persiste o erro no início do segundo verso da estrofe, exceto ao final da
oração quando o verbo “pensar”, que é intransitivo – que é aquele que não
necessita de complementação por ter sentido completo. Mesmo sendo aceitável a
presença de um predicativo (... em você).
No
quarto verso não se deve iniciar frases ou orações com pronomes oblíquos, já
mencionados anteriormente.
Na
segunda estrofe, a palavra “pra” é a forma sincopada da preposição “para” que
muitos escritores clássicos preferem não usá-la. Toda essa estrofe foi escrita usando
figuras de linguagem, sobretudo metáforas.
Depois
da quinta estrofe, há uma narração em terceira pessoa em que o narrador de
presença onisciente, descreve uma ação da personagem Luíza, da obra realista de
Eça de Queiroz “O Primo Basílio”.
Quanto
à forma literária ora proposta, analisei e conclui de que os autores e escritores
utilizam de um recurso que é conhecido como “LICENÇA POÉTICA”, que significa
não haver uma regra única e determinante para rimas e afins, prevalecendo as
ordens de caráter pessoal, de acordo com a escrita e harmonia. Até os erros são
aceitos.