quarta-feira, 3 de junho de 2015

Quando o voto secreto vira arma contra si mesmo

wordpress.com


Não é de hoje que muitos leitores se arrependem de terem votado em seus pretendidos candidatos, meses ou anos após ocorridas as eleições. 

Especulações eleitoreiras, infindáveis promessas de campanha, uso de imagens salvífica e redentorista são algumas das armadilhas utilizadas por agências de publicidade - quando não pelos próprios candidatos, na esperança de alcançar o maior posto do poder executivo, sejam eles nas esferas municipal, estadual ou federal.

As consequências de uma péssima escolha nas urnas podem ser desastrosas. A insatisfação gerada por condutas má direcionadas na hora em apertar a tecla verde nos remetem as incertezas do futuro e são irreversíveis. 

O período que estamos vivendo apontam para esse cenário. Pesquisas recentes do Instituto Data Folha mostram que a insatisfação com o atual governo de Dilma Rousseff chegaram a 3/4 dos seus eleitores; ou seja, de cada quatro pessoas que a elegeram três estão frustados com o desempenho da chefe do Palácio do Planalto.

Mas então, quem são esses eleitores? Segundo a mesma publicação grande parte dos eleitores de Dilma são pessoas com baixa escolaridade e com pouca renda familiar, com predominância da região centro-norte. Ainda que tenha surpreendido as pesquisas de boca-de-urnas que apontaram com certeza uma vitória na região sudeste.

Mas a escolha que a elegeu teve peso maior em dar continuidade ao processo de crescimento econômico do país. A geração de empregos, o desenvolvimento sócio-econômico e o maior poder de compra animou as urnas.

Ocorre que em um curto espaço de tempo a história vem em contra-mão, mostrando que os escândalos de corrupção desde os tempos do Mensalão até os mais recentes como Petrolão e Operação Lava-Jato vem maculando, arranhando a imagem do governo e frustando até aqueles que eram filiados partidários.

Após a cada eleição estamos assistindo nos plenários dos poderes executivo e legislativo a posse de pessoas despreparadas para serem revestidas ao conquistado cargo eletivo, personagens às vezes caricatos ou de apelidos chulos, que conotam bem o propósito em representar a população.

É triste essa realidade, mas são frutos da democracia. Basta sabermos eleger melhor os nossos representantes, mesmo com a difícil tarefa de saber o que eles querem e quais são suas reais intenções.








quinta-feira, 23 de abril de 2015

A doce transformação em nossa literatura



Uma breve reflexão sobre a música “Amor I love you”, de Marisa Monte


Deixa eu dizer que te amo
Deixa eu pensar em você
Isso me acalma
me acolhe a alma
Isso me ajuda a viver

Hoje contei pra as paredes
Coisas do meu coração
Passei no tempo
Caminhei nas horas
Mais do que passo a paixão
É um espelho sem razão
Quer amor fique aqui

Deixa eu dizer que te amo
Deixa eu gostar de você
Isso me acalma
me acolhe a alma
Isso me ajuda a viver

Hoje contei pra as paredes
Coisas do meu coração
Passei no tempo
Caminhei nas horas
Mais do que passo a paixão
É um espelho sem razão
Quer amor fique aqui

Meu peito agora dispara
Vivo em constante alegria
É o amor que está aqui

Amor I love you
Amor I love you
Amor I love you
Amor I love you

" - Tinha suspirado
Tinha beijado o papel indevotamente
Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades
E o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas
Como um corpo ressequido que se estira num banho tépido
Sentia um acréscimo do estímulo por si mesma
E parecia-lhe que entrava enfim uma existência superiormente interessante
Onde cada hora tinha o seu intuito diferente
Cada passo conduzia um êxtase
E a alma se cobria de um luxo radioso de sensações."

Amor I love you
Amor I love you
Amor I love you
Amor I love you

  
                       A letra de música aqui apresentada para análise foi escrita por Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes – que na época formaram o grupo intitulado de “Tribalistas”, teve grande aceitação pelos ouvintes por seu tom melódico e romântico.

            A letra é declaratória com características moderno/romântica e narrada em primeira pessoa. O eu - lírico proposto, embora seja cantado pela voz de Marisa Monte, não tem característica feminina, única, o que não impediria de um homem expressar tal sentimento declaratório.

            A construção e estruturas da primeira e terceira estrofes são idênticas; a segunda e quarta estrofes também se assemelham. Nelas constatei erros de uniformidade de tratamento: você / tu.

            Analisemos a letra morfossintaticamente:

            “Deixa eu dizer que te amo”: no primeiro verso da primeira estrofe, o verbo “deixar” é transitivo direto, o que significa não possuir predicação completa, necessitando assim de um objeto direto para completá-lo na predicação. Ocorre que a palavra “eu” ora sublinhada, desempenha o papel de objeto direto do verbo “deixa” na oração, contudo a palavra “eu” é um pronome do caso reto e não pode desempenhar outro papel a não ser o de sua função específica, que é representar os nomes dos seres ou indicá-las na pessoa do discurso.

            Esta oração então ficaria correta se deslocarmos o pronome átono “me” depois do verbo, já que não se abre frases com pronomes oblíquos; assim teríamos como resultado: “Deixa-me dizer que te amo” que é uma ênclise, assim denominada quando se anexa pronomes a verbos.

            Terminando a análise da oração, está correto na oração o verbo “dizer” no infinitivo (2ª conjugação), mesmo que a palavra anterior esteja mal posicionada. O curioso é que a oração inicia com um erro sintático e termina de forma correta (“... que te amo” e não “amo você”).

            Igualmente persiste o erro no início do segundo verso da estrofe, exceto ao final da oração quando o verbo “pensar”, que é intransitivo – que é aquele que não necessita de complementação por ter sentido completo. Mesmo sendo aceitável a presença de um predicativo (... em você).
  
            No quarto verso não se deve iniciar frases ou orações com pronomes oblíquos, já mencionados anteriormente.

            Na segunda estrofe, a palavra “pra” é a forma sincopada da preposição “para” que muitos escritores clássicos preferem não usá-la. Toda essa estrofe foi escrita usando figuras de linguagem, sobretudo metáforas.

            Depois da quinta estrofe, há uma narração em terceira pessoa em que o narrador de presença onisciente, descreve uma ação da personagem Luíza, da obra realista de Eça de Queiroz “O Primo Basílio”.

            Quanto à forma literária ora proposta, analisei e conclui de que os autores e escritores utilizam de um recurso que é conhecido como “LICENÇA POÉTICA”, que significa não haver uma regra única e determinante para rimas e afins, prevalecendo as ordens de caráter pessoal, de acordo com a escrita e harmonia. Até os erros são aceitos.

            Nessa música, por exemplo, os erros foram escritos de forma proposital para uma melhor aceitação na letra da música. É a presença da licença poética. O excerto de Eça de Queiroz recitado por Arnaldo Antunes, dá autonomia aos autores e completa o pensamento ora apresentado de que esse grupo conscientemente sabe o que escreveu.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

E se a Lei Maria da Penha fosse Lei José da Lapa?

Crédito: José Roberto Radialista
Há quase dez anos o Brasil teve em inserido em seu mecanismo judiciário uma importante conquista nos direitos individuais e protetivos em favor da mulher: a Lei Federal nº 11340/2006, conhecida popularmente como "Lei Maria da Penha". Em síntese, a lei invocou instrumentos legais que protegem a mulher contra agressões físicas e psicológicas de seu companheiro. A violência doméstica é um dos maiores problemas sociais que vivemos e ocupa importantes posições nas estatísticas anuais, divulgadas pelos setores ligados ao governo, sociedade civil, igrejas e a imprensa.

Mas e quando essas agressões originam da própria mulher, esposa incumbida de direcionar o lar, que tem como atribuição bíblica de cuidar e educar os filhos, enquanto o marido está ausente, trabalhando ou exercendo alguma atividade? 

Qual mecanismo jurídico que assistirá esses homens enfadados, muitos deles que chegam em seus lares e encontram suas esposas embriagadas, desconexas do mundo, vendo os filhos desnutridos, quando não possessas de ciúmes desvaneados, com o coração inóspito?

Nosso papel aqui não serve para propagar qualquer doutrina de fundamentalismo machista, nem tampouco, crítica à democracia feminina ou liberdade idem. O Brasil vem passando profundas reformas em sua conjectura político, social, moral e religiosa, que facilmente provamos tais mutações em nosso dia-a-dia. Estruturadas correntes filosóficas, os mais variados seguimentos e temas vêm estampando os noticiários midiáticos e momentâneos, mascarando a verdadeira realidade da sociedade brasileira. Estamos vivenciando grandes transformações interpessoais, de mudanças comportamentais nas quatro classes sociais, as quais que nunca havíamos experimentados antes.

Em algumas periferias, comunidades e lares desestruturados, os direitos individuais conquistados pelas mulheres através das décadas, vêm demostrando sua força de modo errôneo, desarmonioso.  As senhoras do lar cientes da força que a lei Maria da Penha as protegem de eventuais embates conjugais, se escondem atrás desse escudo do direito brasileiro para intencionalmente (ou não) partirem para a agressão desenfreada, física e psicológica de seu companheiro, lançando neles talheres, copos, quando não chutes, empurrões, achando-se no direito de vasculhar suas carteiras, revisar números telefônicos discados na intenção de localizar algo "suspeito".

No livro O lado amargo do amor, de Eduardo Ferreira Santos, o ciúme visto como a principal causa da violência contra o homem. Lá a abordagem aponta que o altruísmo do amor cede seu lugar para o egoísmo, fator primeiro para a manutenção dessa posse doentia.

As violências e farsas que se escondem nos sentimentos surrealistas destas pessoas merecem apreciação e tratamento de especialistas. A invocação de situações emblemáticas e desastrosas - muitas delas fatais, precisam serem encaradas como problemas não só sociais mas também de caráter mental. A construção e base da sociedade é a família e ela tem como função primordial a partilha fraternal entre os seus entes e desses para com todos. 

O amor não é antônimo de ódio, de violência. O amor é por si só amor, e quem ama zela, cuida, não machuca.




   

 





terça-feira, 9 de setembro de 2014

A exposição excessiva e desnecessária de personagens gays na TV

Nos últimos anos, temos acompanhado pela mídia brasileira o crescente número de atores - iniciantes e consagrados, que vêm atuando nos palcos dos teatros e nas mais variadas telenovelas, interpretando personagens gays e figuras caricatas, expondo ao ridículo grandes nomes da teledramaturgia brasileira. 
Muitos desses atores são "obrigados" a encenar papéis pífios e sem conteúdo, pois tem contratos assinados e, como tal, devem ser cumpridos.
Nosso caput aqui em questão não é perdurar na temática do "Homossexualismo no Século XXI", nem tampouco, questionar as recentes conquistas  que esses optantes conseguiram junto à sociedade. Nosso mérito aqui seria indagar o porquê do excesso de personagens gays que estão nos programas e novelas da televisão brasileira.
Ao que nos parece ver, falta conteúdo intelectual por parte dos autores que escrevem essas obras de dramaturgia. Novamente aqui nada contra as opções particulares e comportamentais de cada pessoa, aliás tais direitos são garantidos por nossa carta magna; entretanto, ao analisar algumas peças teatrais e alguns folhetins semanais do horário nobre, facilmente denota-se que há uma imposição, uma forma obrigatória de aceitação do espectador de que a vida rotineira de determinados personagens são de uma rotina comum, que suas vidas estão inseridas normalmente no convívio social. O que na nossa realidade ainda não é harmoniosa.
Cabe-nos então lembrar  de alguns personagens que, recentemente, até chegaram a fazer sucesso junto ao público e que foram assunto em várias semanas depois do término dos folhetins. Felix é um deles. O ator, Mateus Solano, deu um show de interpretação e soube conduzir como poucos as extravagâncias de seu personagem, regadas de humor sórdido e recheado de bordões. Outro também que ousou na criatividade foi o ator José Wilker. Ele interpretou Ariel na novela Senhora do Destino. Há também outros, como o primeiro beijo entre duas mulheres na TV brasileira, como aquele exibido na minissérie Amor e Revolução, em que as atrizes Luciana Vendramini e Giselle Tigre interpretavam duas amigas com repulsas escondidas, mesclando sentimento amoroso e "affairs" com ditadura militar sessentista.   
Ocorre é que nos últimos anos há carência, falta de criatividade literária nos textos de alguns dos nossos autores. Ridicularizar renomados atores e expor ao ridículo a opção sexual daqueles que simpatizam a ideia, não deveria ser promovida no horário nobre ou em qualquer outro de nossa já surrada programação televisiva. Percebe-se que, sutilmente, há certa imposição de determinados caricatos no contexto de quase todas as obras.
A diversidade sexual - atualmente em pauta nos chamados "Reflexos dos acontecimentos da sociedade" e ultimamente representada nas telinhas de nossa TV, parece que não está indo de encontro com realidade. Personagens cômicos, às vezes sensuais e que quase nunca trabalham; que vivem em casamentos fictícios, que sempre têm uma história lamuriosa e que em nada parecem com a vida real.
Um estudo publicado pela psicanalista Ângela Louzada Santos, demonstra que os trejeitos típicos de determinados homossexuais e suas condutas provêm de sua base existencial e que isso piora ou desaparece ao longo dos anos, mas que tais atitudes não podem ser vistas como hilárias ou aberrantes, pois a destruição da imagem de determinadas pessoas têm seus princípios feridos e atrapalham sua comunicação interpessoal entre os seus.
Saudades daqueles velhos personagens como Sassá Mutema, interpretado por Lima Duarte - que denunciava a fragilidade e a ingenuidade do homem do campo; do Seu Nonô Correia, papel de Ary Fontoura, que trancava a porta de sua geladeira com correntes e cadeado para que ninguém tivesse acesso aos alimentos lá guardados.
Não precisamos usar nossos atores para impor uma realidade fantasiosa, do mundo de Moacyr Scliar. Apresentar textos enxutos, bons personagens e com mobilidade literária renderá gloriosas audiências aos produtores, todavia, pois não podemos mais aceitar na grade da televisão textos desconexos e nem admitir a ridicularização de comportamentos que compete a cada um julgar e promover seu próprio comentário. Desde que seja feito com respeito.



terça-feira, 22 de julho de 2014

Os países da primeira Guerra Mundial se enfrentaram no Brasil cem anos depois

imagem: portal uol
No último dia 28 de junho foi "comemorado" os cem anos da primeira grande guerra mundial, eclodida no mundo velho. Os motivos e suas consequências todos nós sabemos, porém, as razões pelas quais motivaram os embates ainda perduram na mente daqueles que sofreram as atrocidades e os horrores.
 Passaram-se dez décadas iniciados pelos desentendimentos em que a Alemanha e Itália não se conformaram em ter que ficar com terras de baixo valor quando da partilha dos territórios da África e da Ásia com a Inglaterra e a França.
Os germânicos e os ingleses ficaram com a maior parte dos territórios e isso serviu de combustão para que as duas primeiras nações se revoltassem, iniciando assim os primeiros disparos de arma.
O pressuposto serviu também para que outras nações europeias acirrassem a concorrência político-econômica, disputando cada vez mais o mercado de consumidores, bélico e de matéria-prima. O clima tenso promoveu grandes investimentos na fabricação de armamentos e a preparação de militares que temiam conflitos a qualquer tempo.
As consequências...
Os mesmos países que anos atrás se envolveram nessas disputas e em tantas outras voltaram a se enfrentar novamente, mas desta vez não foi no velho continente e sim na América. O Brasil foi o palco desses embates acirrados.
Centenas de milhares de pessoas puderam assistir de perto, seja pessoalmente ou pela televisão, as quatro nações citadas, representadas por equipes masculinas de futebol organizada pela FIFA.
A grandeza do espetáculo foi de tamanha eclosão. Gigantes revestidos de cordialidade e respeito mútuo - para não dizer caráter, envolveram a todos, em especial seus compatriotas que de um lado das arquibancadas alguns sorriram e do outro se entristeceram.
Na semana seguinte ao dia do centenário a Alemanha erigiu as mãos para o alto, vibrando a vitória contra a toda poderosa França que, desolada, derrubava seus joelhos ao gramado; o mesmo se dava pela temida Inglaterra que soltava bravos de glória ao testemunhar a equipe italiana que estava lançada ao chão.
A guerra gerou e gera muitas dores e marcas na humanidade que nunca vão ser curadas ou apagadas. A incessante busca do homem pelo domínio e pelo poder vem desde os primórdios, e até hoje assistimos insultos, ofensas e agressões entre países que insistem em se colocar na posição de dominante/dominado.
Os esforços que a Organização das Nações Unidas vêm fazendo para que o cessar fogo seja definitivamente aclamado nos países da chamada África-Eurásia é relevante e é preciso que a população mundial se envolva nesta questão para que construamos um novo mundo, um mundo do bem e de paz.
Muitas ações estão sendo promovidas para que a paz mundial prevaleça e alcance seus objetivos, as quais estão elencadas na declaração universal dos direitos humanos. E que a paz no coração seja o paraíso dos homens, como bem disse o filósofo grego Platão.
Que possamos um dia presenciar o embate entre Arabia Saudita e Israel, entre Síria e os Estados Unidos. Mas no esporte. Que seja muitos brados e vitórias para ambos os times e que vença e prevaleça a união entre os povos e nações e que a bandeira da paz se hasteada e agitada freneticamente.


domingo, 8 de junho de 2014

Não foram os preços das tintas que desmotivaram os desenhos nas ruas para receber a Copa do Mundo de 2014

imagem: olhardireto.com
O país está há poucos dias de sediar um dos maiores eventos do esporte mundial: a Copa do Mundo FIFA 2014. O desporto é o esporte mais popular do mundo e também aquele de maior visibilidade entre os espectadores nos quatro cantos do mundo.
E pela segunda vez os melhores jogadores do planeta aqui estão desembarcando, na intenção vencer a competição e erguer a suntuosa "taça FIFA".
Um fato que vem despertando a curiosidade e tem servido de debate entre estudiosos e observadores são a ausência das populares decorações de ruas com fitas coloridas e bandeirinhas e junto com as criativas pinturas e desenhos temáticos no chão das ruas das cidades, comemorando a chegada da tão esperada Copa do Mundo, realizada a cada quatro anos.
Era muito comum vermos em outras edições da competição, crianças e jovens pedindo alguns trocados entre vizinhos, onde arrecadavam valores suficientes para a compra de tintas e adereços, ficando os mais velhos encarregados de caracterizar no chão as ilustrações pertinentes a bandeira nacional e os mascotes que ficaram famosos como Juanito Maravilha, Naranjito e Footix. As músicas-tema eram calorosas e eram entoadas como uma jusante e montante de dentro do coração.
Mas então o que aconteceu? Afinal não desejávamos há anos sediar um evento tão grandioso em nosso país e que creditávamos que a realização desse se dava somente nos países ricos?
Estamos passando por uma transformação socioeconômica intensa e multifacetada. A informação está chegando em uma velocidade nunca antes vista.
Os noticiários estampam rotineiras matérias de suscetivos governos que não cumprem suas promessa de campanha, e esses sempre culpam o insucesso seus predecessores. Quase todos  são (ou estão) incapazes de gerenciar com seriedade nossas economias.
A falta de perspectiva e a crescente onda de desemprego geram incertezas e alimentam o descontentamento nas pessoas.
As desigualdades sociais vem tomando proporções sem limites e em muitos casos governos cobrem seus olhos desconversando sobre situações precárias, das misérias latentes e - como em um paradoxo, erigem obras faraônicas e caríssimas, aprovando orçamentos apresentados sem critérios técnicos ou previstos.
Nossas crianças estão sem comida na mesa e a escola ainda não é acessível em sua totalidade. Tivemos que contratar médicos de outros países para suprir a falta de profissionais na área da saúde. E o que dizer a respeito de nossas universidades que formam todos os anos turmas e mais turmas... Não seria atrativo o ordenado oferecido à eles?
Mesmo assim, na visão da diretora da Faculdade de Ciências e Humanas da PUC-SP é preciso ter cuidado ao atribuir valores de julgo a quem apóia ou não a realização da copa. "... torcer pela Copa não significa estar a favor da corrupção, por exemplo" são questões distintas, e que não serve de parâmetro para boicotar ou ser desfavorável a ela. 
Isso sem contar os movimentos de oposição partidária, de contra a Copa, das recentes manifestações de ordem trabalhista, classista, feminista, contra a homofobia etc
Os motivos deveriam ser vários. E não são. Alguns especialistas apontam que a Copa deveria ser realizada em outra oportunidade, desprezando as insistentes candidaturas do nosso país a sediar o evento, que mascaram os problemas sociais e econômicos que amargam nossa imagem no exterior.
O crítico musical e jornalista Nelson Motta credita tais argumentações afirmando que o que é "normal" para nós brasileiros em assuntos como assaltos a taxistas e de menores pedintes nas ruas, não são para os turistas estrangeiros que, de longe, sabe que esses problemas são típicos de países subdesenvolvidos - ou os chamados "em desenvolvimento".
Há quem também que aponta que, aos poucos, os valores culturais e folclóricos que viam sendo repassados por nossos antepassados vem se perdendo ao longo das décadas, dando espaço para novas ofertas da modernidade. O surgimento dos mais variados programas televisivos, dos jogos de videogame lançados anualmente, da a interação individualista dos computadores.
Se ontem a juventude conhecia os jogos de pião e saboreava doces de abóbora e paçoquinhas oferecidas em  festas juninas, hoje estão mais interessados em consumir novas tecnologias, deixando para uma segunda opção assuntos que fazem parte do convívio comum e que aos poucos vem se tornando mutáveis e substitutivas.
E que nosso o Neymar abocanhe a desejada taça. Senão que voltemos ao videocassete para chorar com Carlos Alberto Torres erguendo a Jules Rimet. PRA FRENTE BRASIL!     


sexta-feira, 16 de maio de 2014

Os estilos musicais e as mudanças de comportamento na sociedade


Não é de hoje que a juventude vem experimentando estilos musicais, sobretudo aqueles que ditam modas e regem comportamentos. Jovem Guarda, Tropicalismo, Heavy Metal, Reggae, Beatles Forever, Festivais da TV Record e de Woodstock/EUA são alguns desses seguimentos que ainda pairam pela memória, sobretudo de quem tem mais de quarenta anos. E eles não param por aí.
No mundo contemporâneo e na velocidade que a informação chega até nós, as criações musicais inspiram poetas e curiosos. As mais diversas composições e sonoridades interagem com o ouvinte. Cabe cada um escolher aquele que melhor ressoa em seus ouvidos e mergulhar nas notas musicais.
Ocorre que nos últimos anos as letras musicais vem ganhando destaque nos noticiários a respeito do conteúdo e da mensagem intencionada. Tomemos como exemplo a eletrizante música Beijinho no Ombro da aspirante a atriz e funkeira Valesca Popozuda. Nada contra o estilo musical nem com a beldade. Nossa intenção é meramente debater as novas formas de musicalidade e de comportamento.
Pois bem, no nosso mundo globalizado cada vez mais o individualismo vem se tornando realidade e tomando corpo junto aos nossos jovens. Se antes as rodas de samba e pagode dividiam mesas de bares em gostosos bates-papo e o rock and roll expunha a rebeldia juvenil, hoje o funk e sua extensão funk-ostentação vem ganhando mais espaço nas mídias e nas camadas sociais mais privilegiadas, deixando esses estilos musicais a certa distância do retrovisor.
Como mesmo diz a cantora, ela e seu estilo "representam a voz da favela, da classe média e do condomínio de luxo". 
As músicas funkeiras estão presentes nas novelas, nos comerciais, nos programas de auditório, nos entretenimentos. As letras pregam o consumismo, o poder paralelo, a sexualização, refletem o pensamento dos menos favorecidos, influenciam as ações da molecada, descompromissam relações familiares e afetivas. 
Na letra da senhora Valesca não é diferente. Faz mau uso da crença religiosa, anseia ironicamente "vida longa" aos seus desafetos e as compara como animais; se mostra inteligente mas não é intelectual e isso se comprova ao misturar à letra da música palavras estrangeiras com termos informais e chulos, como "rala", "pras" e "mandada". 
Embora faça parte desse gênero a voz e a vez da periferia - e por conseguinte a naturalização da violência, não se explicou as recentes mortes dos funkeiros MC Daleste e MC Primo. Se essa vertente expressa os pensamentos das classes menos favorecidas quem são os interessados nas mortes desses infelizes? Seriam os críticos elitistas? Seria um genocídio cultural? De certo não se sabe, e as forças policiais vem desempenhando seus papéis para nos darem esta resposta. 
Há quem diga que Jean Jacques Rosseau teria uma excelente reflexão sobre o assunto e decerto apontaria que a sociedade é quem estragou tudo isso. As expressões artísticas e os pensamentos são livres e também dariam um bom prato de estudo para o pesquisador e psicólogo americano B. F. Skinner, com seu estudo sobre o comportamento humano a partir da interação entre o indivíduo e o ambiente. 
Não precisa ter dados suficientes ou estudos aprofundados para se determinar os resultados de determinadas ações e suas consequências. Como o próprio teórico publicou "(...) Assim pode-se dizer que o ambiente seleciona grandes classes de comportamento.
Seria luxo ou lixo? E vamos para a balada!